Tinta acrílica sobre papel.
2017
Com o intuito de criar algo alegre, entusiasmante e que desperte a descoberta de uma história, essencialmente pelas ilustrações, apresenta-se esta narrativa: “De Família”. O intuito é conhecer a história através do narrador que conta como vê as diversas pessoas da sua família, levando o utilizador/espectador numa viagem pelo conhecimento de quem nos conta a história.
Tia Amélinha
Ela é alta e magra. Esguia. Tem cabelo comprido e loiro como a areia do mar que gosta de pisar, lá em Cascais. Vejo-a sempre como se estivesse rodeada de borboletas. E de salto alto. Muito elegante sorri sempre para mim. Usa um vestido preto, cor da noite, mas que brilha tanto. Tem estrelas só dela, algumas, que tomam conta dela. Ela existe por si só, tem luz própria. Quando não estou com ela, imagino-a a ver o mar, e as crianças na praia com chapéuzinhos com muitas cores.
Avô Manel
Robusto. A melhor palavra que o define. Andou por Portugal fora, rapidinho parava aqui e ali. Foi maquinista. Tem um sofá muito fofo e verde floresta. Dorme a sesta, encostado àquela almofada cor de dióspiro que tem no jardim. Tem uma casa grande, mas viveu sempre numa pequenina, e assim que entro oferece-me bolachas Maria de um frasco-casa que tem no armário. É exigente, leva-me pela mão a passear, muito calmamente pela quinta, e no fim, bebe um copo de vinho.
Mano Lourenço
É pequenino e engraçado. Vive lá na Lua dele, quer ser astronauta, mas não gosta de sair da aldeia onde vive. Com o cabelo mais negro que a noite, gosta de chá de limão com mel. Tem uma bicicleta amarela com fitas de todas as cores, ele diz que é para voar mais alto. Não gosta de flores, ao contrário da irmã, gosta da terra: quando cai de joelhos no chão ou quando enche os pés de lama por ajudar a regar a horta. Tem os olhos mais lindos do mundo, e um buraquinho no queixo.